segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Solteira, sem filhos e daí?

By Cláudia Coelho (colega de Ateliê Livre) http://psiclaudiacoelho.blogspot.com/2009/09/solteira-sem-filhos-e-dai.html Data de publicação no seu blog: 21/09/2009 Nesta manhã fria e ensolarada de domingo, e eu sem internet.... Resolvi fazer uns laudos, baixar umas fotos. Baixei uma foto do último quadro que pintei e que vendi para uma amiga. Ela me encomendou uma imagem de Jesus Cristo. Puts nunca fiz algo parecido! Mesmo assim, eu topei, aliás, eu sempre aceito, desde que eu entenda o que meus clientes desejam. Vislumbrando a imagem pronta na foto e o quadro lindamente emoldurado, eu fiquei com saudades daquele “filho”.


E instantaneamente lembrei-me de uma situação ocorrida com uma amiga há pouco tempo. Ao relatar-me o ocorrido, ela enfatizou: - Cláudia! Escreve no teu blog sobre isso! Ok! amiga, aceito a encomenda! Vou contar-lhes o que aconteceu... Minha amiga estava numa reunião de trabalho, e em determinado momento uma das colegas olha para ela e diz, que ela não poderia ter noção do que realmente era ser feliz, pois não tinha filhos! É claro, que estou relatando de maneira conclusiva, pois foram inúmeras as declarações durante a reunião, que acabaram deflagrando a guerra entre: uma solteira sem filhos: não tão feliz X o grupo das casadas: suficientemente felizes! A minha amiga é uma figura racional, culta, séria, e ficou incrédula diante daquela situação. Confrontou as colegas sobre o absurdo e preconceito daquela declaração, mas desistiu ao perceber que todas olhavam para ela como se dissessem: - Coitada, ela não sabe...não tem filhos! Assim como a minha amiga, eu também não tenho filhos, aliás as minhas melhores amigas na faixa de 25 à 45 anos, não tem filhos! E não diagnostiquei nenhum caso sério de infelicidade crônica neste grupo. Comigo nunca aconteceu nada tão ofensivo, mas outro dia quando eu realizava uma entrevista devolutiva para um cliente, ele me perguntou se eu tinha filhos, eu respondi, e ele comentou: - E isso está bom deste jeito pra ti? Fiquei surpresa com o comentário. Aquele comentário preconceituoso dava a entender que eu decidira não ter filhos. E esse é um dos pontos que eu desejo chegar aqui. Meus caros, nem todas as mulheres desejam ser mães a qualquer preço. Nem todas as mulheres têm esta escolha. Aliás muitas mulheres acham que ter filho é coisa muitoooo séria, justamente por isso não os têm, acreditem! Muitas mulheres desejam ter seus filhos, necessariamente, com um parceiro par-ti-ci-pan-te, denominado: PAI. Desculpem a palavra em caixa alta, mas é que às vezes tem gente que esquece destas figuras! rsrs E se elas não tem este parceiro, este homem, este possível pai, que também DESEJA ter filhos...a questão é puramente lógica e matemática: elas NÃO terão filhos! Eu sinceramente acho lastimável que uma mulher, solteira e sem filhos, ainda seja vista como uma “árvore seca”, ou uma egoísta que não quis botar filho no mundo, ou uma “não tão feliz”, pois não sabe nada da vida, não sabe o que é amor de mãe, este sim é amor verdadeiro! Será mesmo? É claro, que não vou reproduzir a mesma ignorância e preconceito das colegas da minha amiga. Mas vou tomar as dores e defender as solteiras sem filhos, sim! Que me perdoem as mães amorosas e sensatas, elas existem! Mas assistindo ao programa Globo Repórter, que abordava o tema da adoção, um dado de uma pesquisa chamou à atenção. Os filhos adotados se sentem mais satisfeitos com seus pais, do que os filhos gestados. A razão é simples, os filhos percebem a escolha dos pais com maior clareza, portanto, sentem-se mais valorizados e retribuem este amor de maneira genuína. Agora cá para nós, seria justo aqui nós realizarmos uma disputa de quem ama ou é amado mais? Ou de quem é mais feliz? A criança adotada ou a de sangue? A mãe que adota ou a mãe que gera? Eu deixo aqui meu protesto, eu sou solteira sem filhos e daí? O que é de fato, gerar? Gerar é criar, é produzir, é cuidar. Eu sinto que sou mãe dos meus amigos, dos meus pais, da minha irmã. Sinto que gero em mim muitos filhos, e que os lanço ao mundo de muitas maneiras e formas: na pintura, nos textos, nas palavras e em meu trabalho. Todos estes filhos preenchem a minha vida e não me tornam nem mais e nem menos feliz que os casados, descasados ou solteiros, não interessa! O que dizer então dos homens que não geram um filho? Então são menos felizes por que não geram uma criança dentro de si? Todos nós somos pais e filhos de alguma forma em alguma circunstância da vida, e isso não determina grau de felicidade. Um dia desses, eu estava sendo “mãe” de meu pai e disse-lhe: - Pai presta a atenção nas coisas que tu tens, observa! São muitas! Se tu prestares a atenção apenas naquela “unicazinha” coisa não atingida, tu sempre estarás infeliz! Sim, é preciso saber enxergar. Mas será que estamos dispostos? Será que estamos prontos? Façamos um esforço, já é um bom começo!

2 comentários:

Sinara disse...

Sou muito bem casada e feliz e "sem filhos". Qual a razão: opção. Muitas pessoas esquecem que o ser humano se diferencia dos animais justamente pela sua inteligência, pela capacidade de poder observar as coisas pré-estabelecidas pela sociedade e fazer as suas escolhas. Escolha por uma profissão, escolha por um estilo de vida, enfim, escolha em ter ou não ter filhos. Fico feliz por aquelas pessoas que têm filhos (e sabem as razões pelas quais os tem) e por aquelas que não têm. Chega de preconceitos, chega de rótulos, a vida é para ser vivida, apreciada da melhor maneira possível e cada uma sabe a melhor forma de fazer isso. Portanto, o importante é ser feliz com ou sem filhos.

Marizelia Finger disse...

Rosalva, a Claudinha é tua colega? Esse mundo é pequeno mesmo, ela é minha amiga também. Adoro os textos dela, são ótimos.