domingo, 29 de janeiro de 2012

Por Hilda Hilst


Enquanto faço o verso, tu decerto vives
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o teu tempo
Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo
Enquanto falo o verso, tu não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas"
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo
MORRE O AMOR DE UM POETA
E isto é tanto, que o teu ouro não compra
É tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto

Imagem: Google

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