terça-feira, 30 de agosto de 2011

Por Paula Taitelbaum (do livro MUNDO DA LUA)


Talvez eu não seja nada além do que intocável fumaça no ar. Efêmera como a flor que murcha no altar. Talvez eu exista somente pelo tempo de uma oração. Alimentando-me de olhares famintos por atenção. Talvez, ao contrário, eu seja o perfume que fica quando o corpo se vai. O líquido preso ao copo que cai. Talvez, ainda, o vermelho da paixão. Que desbota com o tempo manchando a relação. Talvez eu me resuma ao ritmo, ao rito ou à própria oferenda. Da saia, somente a renda. Talvez, talvez, talvez. Talvez seja de tanta dúvida a própria insensatez.

Imagem: Google

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